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Durante a 11ª edição da Feira da
Agricultura Familiar e Agrotecnologia do Maranhão (Agritec), realizada na
última semana, em Barra do Corda, a presença de povos indígenas chamou atenção
de quem visitava a Feira. Três grupos marcaram presença no evento - os
Guajajara, Timbira e Canela, a fim de mostrar sua cultura e seu artesanato e,
também, buscar conhecimento por meio dos cursos e oficinas oferecidos na
Agritec. Esses três grupos são dos sete étnicos existentes no Maranhão, de
acordo com informações da Fundação Nacional do Índio (Funai).
A Agritec é um espaço que
oportuniza a troca de saberes, e em relação à participação dos indígenas na
Feira, ficou ainda mais evidente a importância da Agritec na construção de
conhecimento.
No espaço tecnológico foi
construído uma oca pelos índios Guajajara da Aldeia Mainumy, do município de
Barra do Corda, onde demonstraram pequenas atividades realizadas pela aldeia,
como a pesca, o cultivo da mandioca e a produção de farinha. Além disso, mostraram
o artesanato indígena, como brincos, colares, pulseiras, e a pintura artística
à base de tinta de jenipapo.
A cacique da aldeia, Libiana
Pompeu, ressaltou que a Agritec deu a oportunidade de apresentar o viver da
comunidade indígena. “É muito interessante essa feira para a gente mostrar
nossa cultura e como vivemos. Agradecemos ao nosso governador Flávio Dino por
este espaço”, contou a cacique.
Praticamente todas as aldeias
indígenas maranhenses possuem a agricultura, pesca e caça como fonte de
alimentação e renda. Na aldeia Mainumy, por exemplo, o cultivo de arroz,
feijão, mandioca, macaxeira e a pesca são as atividades de sobrevivência do
grupo de aproximadamente de 300 índios Guajajara.
Ainda no espaço tecnológico
dedicado aos índios Guajajara, o público pode conhecer outros aspectos da
cultura da aldeia, um pouco da língua materna preservada pelos índios, o
Tupi-Guarani, que durante os três dias de Agritec cantaram o hino do Maranhão
em Tupi e ainda ensinaram saudações, como 'Iktu' (obrigado).
O índio e professor da Aldeia,
Edjar Guajajara, enfatizou que a aldeia busca preservar a língua original, como
forma de preservar também a cultura Guajajara. Segundo Edjar, na aldeia são
ensinadas duas línguas, o português e o tupi. “Muitos indígenas moram na cidade
de Barra do Corda e não sabem mais falar nossa língua, mas estamos resgatando
nossa língua indígena ensinando na aldeia”, disse.
Canelas e Timbiras
Além dos Guajajara na Agritec, os
Canela e os Timbira também deram sua contribuição na troca de conhecimento com
a população. Artesanatos e pinturas corporais foram atrativos desses dois
grupos. À base de sementes, penas e palhas, os índios confeccionaram belas
peças para comercializar durante a Feira.
A Agritec proporcionou vários
meios para beneficiar os pequenos agricultores. É o caso do jovem apicultor
indígena Jó Lima Guajajara, da aldeia Barreirinha, do município de Arame, que
viu na Feira a chance de buscar mais conhecimento por meio dos cursos e
oficinas. “Em 2013, minha família lá na aldeia, iniciou a apicultura. E aqui na
Agritec aproveitei para participar do curso de criação racional de abelhas para
melhorar a produção que temos”, disse.
A secretária-adjunta de
Extrativismo, Povos e Comunidades Tradicionais, Luciene Dias Figueiredo,
afirmou a importância da 11ª Agritec ter sido sediada em Barra do Corda, pela
diversidade que é a região.
“Nós tivemos uma participação
muito efetiva dos municípios da região, mobilizando agricultores, indígenas e
as escolas. A Agritec mostrou toda a diversidade de povos que a região tem com
a presença de grupos indígenas e também na diversidade de produção da
agricultura familiar. Foi uma Agritec de sucesso oportunizando geração de
conhecimento, renda e garantia de terra aos agricultores que receberam seus
títulos durante a Feira”, destacou a secretária Luciene.
Sobre a 11ª edição da Agritec, o
presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural
(Agerp), Júlio César Mendonça, enfatizou a iniciativa do governador Flávio Dino
em criar esse espaço de troca de conhecimento e de comercialização aos
agricultores do Maranhão.
“Estamos muito satisfeitos e vemos
a importância e o impacto que essa Feira tem nas cidades em que já passou,
lembrando que, não apenas as cidades que sediaram, mas os municípios
circunvizinhos, a Agritec gera conhecimento e dá oportunidade de renda para
toda a população”, pontuou o presidente da Agerp, Júlio Mendonça.
Agritec
Realizada nos dias 22 a 24 (quinta
a sábado) de junho, a Agritec recebeu mais de 15 mil visitantes e 4.538 pessoas
tiveram acesso a cursos e oficinas oferecidos. Durante o evento foram
comercializados R$ 24.496,00 em produtos da agricultura familiar e R$
1.800.000,00 em contratos com instituições financeiras.
A Agritec é uma realização do
governo do Estado, por meio do Sistema SAF (composto pela secretaria de Estado
da Agricultura Familiar- SAF, Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural- AGERP e Instituto de Colonização e Terras do Maranhão- ITERMA),
juntamente com os parceiros: EMBRAPA, SEBRAE e movimentos sociais (FETAEMA,
MST, ACONERUQ, MIQCB E FETRAF-MA).
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