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Com direito a coquetel de
lançamento e desfile, a nova grife maranhense 'Comchita' foi apresentada ao
público oficialmente na última sexta-feira (25), na Casa do Maranhão, centro de
São Luís. A Comchita, que ganhou o nome pelo uso da chita, tecido com traços da
cultura maranhense, tem um grande diferencial na formatação das peças: todos os
produtos são confeccionados por dezenove internas do sistema prisional do
Maranhão, sendo que todas são participantes das oficinas de ressocialização mantidas
pelo Governo do Estado.
Uma das modelos e estilistas é
Orlete Feitosa, de 25 anos. Ela conta que aprendeu a arte da costura quando
começou a cumprir a pena e quer levará o aprendizado para fora dos muros do
presidio. “É uma oportunidade única que nós temos que abraçar com as duas mãos.
Estou há dois anos e meio nessa situação e desde então só o que tenho feito é
melhorar, aprendi a costurar e vou levar isso para o resto da minha vida”,
conta a interna que desfilou usando um vestido branco com detalhes em chita.
Quem também não escondia a alegria
em desfilar com as roupas feitas com as próprias mãos era Rafaela Almeida, de
20 anos. “Esse desfile é o fruto do nosso esforço que está sendo apresentado
aqui e que deve chegar a pessoas de todos os lugares. Agradeço muito às
instrutoras da oficina que ensinaram as técnicas e nos incentivaram a buscar
uma nova vida”, conta a interna que no próximo ano ganhará o direito ao regime
semiaberto.
As roupas foram confeccionadas
pelas internas que participam das oficinas de corte e costura que é promovida
dentro do presidio feminino. “Não é um desfile de moda, não é a beleza física
que interessa, o que interessa é a beleza que há no trabalho de ressocialização
feito na penitenciária feminina através da parceria das secretarias de
Administração Penitenciária (Seap) e da Mulher (Semu). É isso que significa a
marca”, conta Odaíza Gadelha, secretária adjunta de Atendimento e Humanização
Penitenciária da Seap.
A secretária da Mulher, Laurinda
Pinto, conta que a profissionalização de apenadas é uma das grandes apostas de
valorização e ressocialização das mulheres. “Trabalhar a moda com identidade
cultural, através do uso da chita, é uma forma de valorizar essas mulheres que
estão privadas de liberdade, mas não de criatividade, não da produção cultural,
nem dos direitos educacionais e de produção”, afirma.
Como funciona
As internas que fazem parte da
Comchita cumprem pena pelos mais diversos delitos e aprenderam dentro da
unidade prisional uma profissão. Elas não recebem pagamento em dinheiro pelo
trabalho, mas são beneficiadas pela Lei de Execuções Penais (LEP) que prevê que
três dias trabalhados equivalem a um dia de reclusão a menos.
Ressocialização e Inclusão no
Maranhão
Mais de 2 mil internos do sistema
prisional maranhense estão inseridos em ações de qualificação do trabalho e
renda das mais de 90 oficinas em pleno funcionamento nos presídios do estado.
As atividades variam entre padarias, malharias, serigrafias, fábricas de blocos
de concreto e meio-fio, almofadas, chinelos, hortas, artesanato, vassouras,
salões de beleza e outras.
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