A ditadura cada dia mais escancarada em Lago da Pedra.
A professora Cira Carlos, através das redes sociais, comunicou, nesta quarta-feira (18), sua demissão do Colégio São Francisco de Assis, o que pegou todos de surpresa: pais de alunos, colegas, familiares, amigos e populares. A instituição, privada e renomada, tem uma história em Lago da Pedra, porém, ao que tudo indica, o fato (demissão) foi motivado por fatores externos. E, pior, relacionado à política partidária.
A professora, que é reconhecida como uma profissional exemplar, classificou o fato como uma retaliação por parte do secretário de Educação de Lago da Pedra, Rodrigo Neto, que também é vice-prefeito, contador, empresário, e presidente da SELP, que rege o Colégio.
A professora, que também é educadora da rede municipal de ensino, passou a ser perseguida depois de, com colegas, lutar contra o Município, no tocante à Secretaria de Educação, para que os direitos conquistados pela categoria fossem respeitados, como, por exemplo, a questão da carga horária, e o reajuste do piso, que o prefeito nunca pagou.
Veja a nota de desabafo que a professora publico e que, como gesto de solidariedade, está sendo compartilhada por centenas de pessoas nas redes sociais.
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Profª. Cira Carlos |
Falo, sem medo de parecer soberba e sem titubeios, que
sou uma excelente profissional da educação. Estudo, me dedico, procuro inovar
na didática, sou caprichosa em tudo que faço p...ros meus alunos. E por isso
recebo, deles e do corpo docente das escolas por onde passo, muito carinho,
afeto, elogios e reconhecimento.
Todos acompanharam a luta dos professores de Lago da
Pedra por uma jornada de trabalho justa e sustentada pela legalidade. Assim
como acompanharam a postura desastrosa, desrespeitosa e incompetente do
Secretário de Educação Rodrigo Neto para com nossa classe. Um ser que não
apenas não conhece sobre educação, desconhece também sobre gestão, ética,
diplomacia, valorização de categoria. Nos perseguiu e persegue, tentou colocar
a população contra nós, tentou reduzir nossa luta e mesmo assim saiu perdendo,
porque lutamos o bom combate.
Sou concursada do município, mas também trabalhava para o
Colégio São Franscisco de Assis, escola particular sem fins lucrativos,
auto-mantenedora, gerida por uma espécie de conselho formado por membros da
Paróquia São José, pais e sociedade civil, a SELP. Mas o senhor Secretário, que
preside a SELP (acumulando mais uma função), faz uso de um órgão não privado,
como se fosse seu. O mini-coronel, não satisfeito em não poder me retaliar na
prefeitura, pediu minha demissão do CSFA, numa clara demonstração de
perseguição e desprezo pela qualidade do serviço prestado na Instituição, uma
vez que pais, alunos e mesmo a direção, elogiam e reconhecem meu trabalho.
Saio com cabeça e coração tranquilos, não atingida, e sem
sentimento de perda. Pelo contrário, perde a escola, perdem os alunos. Uma
escola sustentada em valores cristãos como solidariedade. Agradeço a toda
esquipe pela forma como fui tratada esse tempo lá, professores, direção,
auxiliares, todos. E acho uma grande pena que a lei da censura, que o
patrimonialismo, que o autoritarismo tenham espaço nesse ambiente tão bonito e
sério.
Sigo com o riso de sempre e ainda com mais vontade de
lutar. Por fim, cito as palavras de Maiakóvski: "Não estamos alegres, é
certo, mas também por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história
é agitado. As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio,
cortando-as como uma quilha corta as ondas".
Professora Cira Carlos.
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